dia a dia

o pão está embolorado.
não posso mais comer,
o que fazer?

não tenho grana.
bolso vazio,
barriga vazia.
o tempo tá esfriando.
o ar, gelado....
o vento parece um tapa na cara
arde no rosto
meu rosto magro.

as pessoas passam por mim
pisam em mim.

eu existo?

que frio é esse?

os carros já ligam os faróis
vão embora apressados
fugindo do frio,
partindo... chegando ao lar.

e o bolso , vazio.
barriga, vazia
mas cheia de esperança.

ando a favor do vento
não tenho rumo,
não posso com ele
preciso me virar.

ando, ando, ando sem rumo
cigarro? não fumo
preciso jantar.

me encosto em uma árvore.
sento no chão
as luzes dos carros
começam a virar desenhos
formas diversas.

imaginação?

alucinação?

o frio me congela
não sinto mais meus dedos
a barriga ronca
o sono parece me abraçar.

sinto cheiro de comida.

me viro de lado
acho um canto e deito
esse leito, agora meu lar

fui.
vim.
parti.

não sou ninguém.
apenas mais um.

as pessoas passam por mim
pisam em mim.

25.05.07
lisboa

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